sexta-feira, julho 30, 2004

O mais importante debate político da última década

Contrariamente ao que muitos pensarão, o próximo congresso do Partido Socialista, será o mais importante da última década, para o partido e para a sociedade.
O debate Socrates - Alegre irá do meu ponto de vista centrar-se numa prespectiva neo-liberal (Socrates), e socialista (Alegre), no qual este último não se apresenta sob disfarces. Já o segundo, e como alguém disse é um camaleão da política, agindo conforme os seus interesses, numa política de pisca - pisca.
Manuel Alegre apresenta-se como um indivíduo genuíno, oriundo do velho Partido Socialista de Mário Soares, vivendo num romantismo preferível à política show-modernista de José Socrates (não nos esqueçamos das suas bases políticas - JSD).
Socrates apresenta-se do meu ponto de vista muito artificial, face ao romantismo de um lutador poético, que contra tudo e contra todos avança numa candidatura por ideais, por valores e por convicções, apesar da sua já mais que anunciada derrota.
Manuel Alegre vive sob o prisma ideológico, quem sabe utópico, da luta em favor das classes oprimidas e marginalizadas pelas políticas ostracizantes da direita.
Em Socrates vejo um grande problema, e que se trata da dificuldade de podermos distinguir  o PS do PSD de Santana Lopes, as semelhanças parecem ser evidentes.
A base da política de Manuel Alegre centra-se nos direitos sociais, sendo que será interessante ver como defenderá este ideal Socialista face ao rigor económico-orçamental?, qual o Walfare State protagonizado?, como pretende promover o dinamismo nos sectores empresariais do país?, como pretende lutar contra as políticas neo-liberais das últimas décadas, de Aníbal Cavaco Silva, António Guterres, José Manuel Durão Barroso e Pedro Santana Lopes?, que enquadramento conseguirá dar a este saudosismo doutrinário?, conseguirá a sua sobrevivência face aos interesses instalados?.
Muitas perguntas, às quais espero respostas no congresso histórico que se aproxima.
 
 
 

quinta-feira, julho 29, 2004

Floresta mistica



 

quarta-feira, julho 28, 2004

Genocídio

Em pleno século XXI continuamos a assistir a barbáries, como a que neste momento sucede na região sudanesa  de Dafur.
O que neste momento se passa nesta região é um autêntico genocídio, com a morte de mais de 30 mil pessoas, assassinadas brutalmente, havendo inclusivamente quem fale em 1 milhão de mortos, para lá dos mais de 130 mil refugiados, que se deslocaram para as fronteira do Chade.
E tudo isto porquê?...por razões étnicas e religiosas, é o que parece em primeira análise... mas em suma trata-se no fim de contas, de uma luta pelo poder.
Mas no meio de toda esta tragédia, estranha é a posição daqueles que se arrogam como defensores do mundo e dos seus  valores de liberdade. Que fizeram eles até agora?...Nada...No Iraque a situação não era tão grave e nada os impediu de unilateralmente  invadirem o citado país, mas aqui...nada...não agiram de forma alguma, a não ser umas meras resoluções sancionatórias dos referidos acontecimentos, muito pouco para o que efectivamente lá se passa. Será que não agiram ainda porque não têm interesses económicos, como a venda de armas, e o petróleo?
Sem ter a respostas a todas estas perguntas, limito-me a  constatar que se trata acima de tudo de uma luta étnico – religiosa, de uma luta pelo poder, de um massacre consecutivo, de um genocídio bárbaro, em suma de um crime contra a humanidade, e o mundo, ou parte dele parece querer fechar os olhos a estas imagens

 

 

 

terça-feira, julho 27, 2004

Foto - Iraque

Quando já passaram muitos meses depois do fim da Guerra no Iraque, as promessas da coligação continuam por cumprir.

 

Onde anda a democracia?, onde anda a liberdade?, onde anda a paz?, onde anda o desenvolvimento e a paz? 

 

O que encontramos, é grupos armados, lutas religiosas, destruição, mortos e mais mortos, crianças a sofrer, magoa, dor e sofrimento



Uma pergunta impõe-se passadostantos meses do fim da guerra, para que serviu tudo isto?, quem lucrou com esta guerra?...talvez a industria militar...o povo irquiano é que parece não ter sido

alfredo cunha


Paul Klee

 
Paul Klee

segunda-feira, julho 26, 2004

Paisagens

 

http://www.amongtrees.com/main.html#

Fico desde já agredecido, ao anónimo que resolveu comentar o último post, referente ao falecido Carlos Paredes, refere o citado que o falecido não cantava como eu referi, certamente que não, mas tenho muita pena que não tenha entendido. Assim sendo, passo a esclarecer, que como bem deve saber, ele era o mestre da guitarra, e sua musica soava nos ouvidos de quem gosta como um verdadeiro canto. Esse foi o sentido, pena que a sua inteligêcia não tenha compreendido. Quanto a alguns erros na construção de duas frases, merece-me apenas um comentário, por vezes a pressa em escrever leva a estes erros, e em virtude igualmente da falata dela não me foi possível corrigir. Infelizmente não tenho o tempo necessária para grandes elaborações literárias, e parece-me que para o caso é ser demasiado mesquinho face ao tema do post em questão. Quanto ao nome do grande mestre russo, nem faço mais nenhum tipo de comentários, ou talvez um, nada se compara à sua musica, ou melhor ao seu "canto", sim porque os instrumentos que nos trazem a sua musica são autênticas vozes, conseguirá o amigo alcançar isto???...concerteza que sim.
Quanto à comparação talvez não tenha sido a melhor, mas esse nome quis apenas representar o Jazz, bem sei que outros nomes representam melhor o Jazz, género Milles, entre outros, mas sabe meu caro infelizmente as pessoas da nossa sociedade conhecem melhor a Diana Krall, goste-se ou não se goste.
Terminaria só com um comentário e uma pergunta, considero uma falta de gosto e de caracter, deixar comentários como anónimo, porque não deixou o seu nome??, o seu blogue??: Enfim este é o tipo de pessoas que temos na sociedade, e já que é tão culto e com tempo para ver os erros dos outros também gostava de ver como escreve e o que diz.
 
E já agora não se esqueça que "enganarmo-nos é o preço de pensarmos, a humanidade reina graças à ousadia dos seus erros"
 
PS: provavelmente vai descobrir mais alguns erros, mas como disse nunca tenho tempo de rever o que escreve, talvez tenha o senhor ou a senhora

sexta-feira, julho 23, 2004

Morreu Carlos Paredes

Mais um dia triste para a cultura portuguesa, depois da nossa querida sophia, foi a vez do Carlos Parede, parece que ainda tenho nos ouvidos a sua musica, as suas palavras, o seu timbre, a sua alegria, que emprestava a cada momento da sua vida. Enfim,  morreu um grande vulto da cultura portuguesa, não sei se haverá muitos seguidores ao seu nível...que maravilhosamente cantava ele.
 
Ele disse em 1990 ao publico:«Para se fazer música com prazer tem muita importância a amizade entre as pessoas. Não se pode fazer música friamente e com cálculo, profissionalmente, no mau sentido da palavra, a receber x à hora. Não pode ser assim».
 
Tinha toda a razão, e mais, a sua musica emocionava, ainda me lembro ficar com "pele de Galinha", é um efeito que me provoca os grandes compositores, poucos o conseguiram fazer, talvez Diana Krall, Maria João Pires, Ana Paula Oliveira, Tchekovsky, e muitos poucos mais.

quinta-feira, julho 22, 2004

Mentira

"Chamo mentira ao negar-se a ver certas coisas que se vêem, negar-se a ver alguma coisa tal como ela é; pouco importa se a mentira se disse diante de testemunhas ou não. A mentira mais frequente é a que cada qual diz a si próprio; mentir aos outros é um caso relativamente excepcional. Mas não querer ver o que se vê, não querer ver como se vê, isto é quase condição primordial para todos os que são de tal ou tal partido: o homem de partido é necessariamente mentiroso."

Nietzsche, O Anticristo, 8ª ed., Guimarães Editores, 1994 - p. 107

terça-feira, julho 20, 2004

politica, politicos e politiquíces

Quando se fala em política tem de se ter em conta que se trata de um conceito antiquissimo, já aristoteles afirmava que o Homem era um Animal Político, mas a pergunta que se impõe é de saber se ele é sempre igual. Parece-me que não. Existem dois tipos de políticos, aqueles que agem sob a influência de interesses escusos e menos correctos, capazes de coligações destruidoras da verdade política, sujeitos à pressão dos mais variados interesses. Por outro lado existem os verdadeiros políticos, aqueles que agem por principios e valores, por ideais e convicções, fundadas na democracia e na liberdade, capazes de sacrificar os seus interesses pessoais, inclusive da sua vida. Um exemplo deste tipo de politicos foi o falecido Reagan, um verdadeiro exemplo, capaz inclusive de sacrificar a sua vida por determinados valores. Enquanto os primeiros serão "larvas" políticas, que não merecem qualquer tipo de consideração ou respeito, os segundos são Homens da Democracia, da Liberdade, da Civilização, aos quais se referia Aristoteles, e que procuram a Justiça, que devem ser o exemplo a seguir por todos.
Muitas vezes nos dias de hoje, as melhores pessoas, os melhores projectos e as melhores equipas são vencidas por interesses menos claros, descredibilizando a classe política no seu todo, facto que muitas vezes se torna uma desilusão, mas a força de cada um, está em conseguir continuar a lutar por ideias e ideais virtuosos. Isto foi-nos ensinado ao longo dos últimos séculos, sendo obrigação de todos nós preservar essa herança clássica.
Apesar de muitos quererem ignorar, o maior e mais grave problema da política encontra-se ao nível do cacique e do relacionamento com os cidadãos, não sendo com tácticas e acordos, com simples objectivos de derrube, que o olhar da sociedade irá mudar em relação aos políticos.
È contra isso que todos temos de lutar, e será isso que me proponho fazer nos próximos dois anos, e como dizem nos EUA, God bless me, isto para alguém que se afirma ceptico pode soar a estranho, mas é na verdade a grande luta na política, colocá-la uma vez por todas ao serviço das sociedades, das civilizações, das pessoas, dos problemas, das causas, dos ideais, da Democracia.
 
"É necessário que os princípios de uma política sejam justos e verdadeiros"

 
 

quinta-feira, julho 15, 2004

"O mundo não é mau pq é mundo,mas tornou-se imundo pela liberdade da irresponsabilidade humana"
 
Leonardo Boff

Cépticos....

"Os grandes intelectuais são cépticos"
 
Nietzsche

terça-feira, julho 13, 2004

A Mentira é mais Interessante que a Verdade

"«O que é a verdade»? Perguntava Pilatos gracejando, talvez que não esperasse pela resposta. Há quem se delicie com a inconstância, e considere servidão o fixar-se numa crença; há quem se afeiçoe ao livre-arbítrio tanto no pensar como no agir. E se bem que as seitas de filósofos desta espécie hajam desaparecido, sobrevivem alguns representantes da mesma família, apesar de nas veias não lhes correr tanto sangue como nas dos antigos. Não é somente a dificuldade e a canseira que o homem experimenta ao perseguir a verdade, nem sequer o facto de, uma vez encontrada, se impor aos pensamentos humanos, o que leva a conceder às mentiras os maiores favores; é sim, um natural mas corrompido amor da própria mentira. Uma das últimas escolas dos Gregos examinou esta questão, mas deteve-se a pensar no que leva o homem a armar as mentiras, quando não o faz por prazer, como os poetas, ou por utilidade, como os mercadores, mas pelo próprio mentir.

Não sei como dizê-lo, mas a verdade é uma luz nua e crua que não mostra as máscaras, as cegadas e os cortejos do mundo com metade da altivez e da graciosidade com que aparecem iluminados pelos candelabros. A verdade pode, talvez, atingir o preço da pérola que mais brilha durante o dia, mas não alcança o preço do diamante ou do carbúnculo que tanto mais brilham quanto mais variadas forem as luzes. Com a mistura da mentira mais se acresce o prazer. Haverá alguém para duvidar que, tirando ao espírito humano as opiniões vãs, as esperanças lisonjeiras, as falsas valorações, as imaginações pessoais, etc., para a maior parte da gente tudo o mais não seria senão uma espécie de pobres coisas contraídas, cheias de melancolia e de indisposição, enfim, desagradáveis?"


Francis Bacon, in 'Ensaios - Da Verdade'





segunda-feira, julho 12, 2004

Decisões

"Decisões sobre assuntos importantes não devem ser tomadas por apenas uma pessoa"
Textos Xintoístas

"Feliz aquele que não se condena na decisão que toma"
Textos Bíblicos

"De cada vez que eu tomo uma decisão errada, tomo logo uma decisão nova"
Truman , Harry

"Raros são aqueles que decidem após madura reflexão; os outros andam ao sabor das ondas e longe de se conduzirem deixam-se levar pelos primeiros"
Séneca

PS: Na última sexta feira o Presidente da Republica tomou certamente uma das decisões mais dificeis que podia ter tomado, em meu entendimento bem, muitos o criticarão, mas ele agiu como uma figura de Estado e não como militante partidário. As citações acima indicadas, dão-nos uma visão da dificuldade em que consiste a tomada de uma decisão, e esta sem duvidas foi a mais dificil das decisões...enfim um grande HOMEM de Estado

quinta-feira, julho 08, 2004

Investimento

Durante alguns minutos parei diante de um copo de água, que estava já a meio, sobre qual seria o melhor investimento, apenas um me veio à cabeça, não pensem que foram acções ou fundos de investimento, mas simplesmente a cultura, o ensino, a educação, a formação técnica, enfim o conhecimento.

quarta-feira, julho 07, 2004

Vida

A vida é como um quadro, como uma obra de arte, uma obra sempre inacabada, em constante mutação, e de uma relatividade atroz, que perturba aquele que vê

terça-feira, julho 06, 2004

O Meu Carácter

Cumpre-me agora dizer que espécie de homem sou. Não importa o meu nome, nem quaisquer outros pormenores externos que me digam respeito. É acerca do meu carácter que se impõe dizer algo.
Toda a constituição do meu espírito é de hesitação e dúvida. Para mim, nada é nem pode ser positivo; todas as coisas oscilam em torno de mim, e eu com elas, incerto para mim próprio. Tudo para mim é incoerência e mutação. Tudo é mistério, e tudo é prenhe de significado. Todas as coisas são «desconhecidas», símbolos do Desconhecido. O resultado é horror, mistério, um medo por de mais inteligente.
Pelas minhas tendências naturais, pelas circunstâncias que rodearam o alvor da minha vida, pela influência dos estudos feitos sob o seu impulso (estas mesmas tendências) - por tudo isto o meu carácter é do género interior, autocêntrico, mudo, não auto-suficiente mas perdido em si próprio. Toda a minha vida tem sido de passividade e sonho. Todo o meu carácter consiste no ódio, no horror e na incapacidade que impregna tudo aquilo que sou, física e mentalmente, para actos decisivos, para pensamentos definidos. Jamais tive uma decisão nascida do autodomínio, jamais traí externamente uma vontade consciente. Os meus escritos, todos eles ficaram por acabar; sempre se interpunham novos pensamentos, extraordinárias, inexpulsáveis associações de ideias cujo termo era o infinito.

Não posso evitar o ódio que os meus pensamentos têm a acabar seja o que for; uma coisa simples suscita dez mil pensamentos, e destes dez mil pensamentos brotam dez mil interassociações, e não tenho força de vontade para os eliminar ou deter, nem para os reunir num só pensamento central em que se percam os pormenores sem importância mas a eles associados. Perpassam dentro de mim; não são pensamentos meus, mas sim pensamentos que passam através de mim. Não pondero, sonho; não estou inspirado, deliro. Sei pintar mas nunca pintei, sei compor música, mas nunca compus. Estranhas concepções em três artes, belos voos de imaginação acariciam-me o cérebro; mas deixo-os ali dormitar até que morrem, pois falta-me poder para lhes dar corpo, para os converter em coisas do mundo externo.

O meu carácter é tal que detesto o começo e o fim das coisas, pois são pontos definidos. Aflige-me a ideia de se encontrar uma solução para os mais altos, mais nobres, problemas da ciência, da filosofia; a ideia que algo possa ser determinado por Deus ou pelo mundo enche-me de horror. Que as coisas mais momentosas se concretizem, que um dia os homens venham todos a ser felizes, que se encontre uma solução para os males da sociedade, mesmo na sua concepção - enfurece-me. E, contudo, não sou mau nem cruel; sou louco, e isso duma forma difícil de conceber.

Embora tenha sido leitor voraz e ardente, não me lembro de qualquer livro que haja lido, em tal grau eram as minhas leituras estados do meu próprio espírito, sonhos meus - mais, provocações de sonhos. A minha própria recordação de acontecimentos, de coisas externas, é vaga, mais do que incoerente. Estremeço ao pensar quão pouco resta no meu espírito do que foi a minha vida passada. Eu, um homem convicto de que hoje é um sonho, sou menos do que uma coisa de hoje.


Fernando Pessoa, in "Notas Autobiográficas e de Autognose"

segunda-feira, julho 05, 2004

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!


Alberto Caeiro
posted by Ana Alves in Janela_indiscreta